‘O Leitor’ é um filme simples e ao mesmo tempo complexo.
Simples porque não usa “maquiagens” para tratar de temas constantemente tratados no cinema, como os horrores do Nazismo e o sexo. Complexo, pois nos faz refletir não os atos nazistas que tanto Hollywood aborda, mas sim suas consequências e reflexos deixados nas futuras gerações.
O filme é uma adaptação do romance escrito pelo alemão Bernard Schlink, publicado em 1995. O roteiro (indicado ao Oscar) é espetacular e não deixa perder nenhum importante detalhe do livro. A trama é tecida por idas e vindas no tempo para acompanharmos a história de Michael Berg (David Kross na juventude e mais tarde interpretado por Ralph Fiennes) e seu amor doentio por Hanna Schmitz (Kate Winslet). O roteiro é preciso e sem esbanjo.
Kate Winslet dá um show de competência na pele de Hanna e deve levar sua primeira estatueta do Oscar para casa. É tão enigmática quanto o papel pede, na medida exata. Hora é doce, outra hora amarga e nos deixa em dúvidas quanto à personalidade da personagem. O famoso na Alemanha, mas desconhecido aqui, David Kross, tem uma bela estréia, e promete ter uma bela carreira no cinema. Ralph Fiennes também está bom, mas nada além da média.
A técnica do filme também não fica atrás. A maquiagem usada no processo de envelhecimento de Kate Winslet é realmente muito boa. A fotografia (também indicada ao Oscar) exala a áurea do filme, triste e enigmática. A trilha sonora não passa despercebida, sempre presente nas horas certas e nos momentos exatos.
Esta aí, se for para usar uma palavra que descreva esse mais novo trabalho do competente Stephen Daldry (diretor de ‘As Horas’) seria exatidão. Nada demais e nada de menos, tudo na medida certa. Um filme adulto, que apesar de parecer lento em alguns momentos, tem uma história muito bem contada.
Foi a grande surpresa ao ser indicado ao Oscar de melhor filme, não deve ganhar, mas ainda assim é um belíssimo filme.
Nota: 9,0
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