'The Spirit', filme de Frank Miller (estreando na direção), dividiu opiniões. O filme correu o risco de nem vir para os cinemas brasileiros e pousar direto em DVD (o que acontece com muitos filmes que fracassaram nos EUA).Para que você tire suas próprias conclusões se você deve ou não ir ao cinema conferir, coloco aqui duas críticas com visões opostas sobre o filme. A primeira delas é a do site Cinepop e a segunda do Terra Cinema. Analisem e decidam.CRÍTICA CINEPOP Todos os nerds que tinham um mínimo de conhecimento sobre o herói criado por Will Eisner ficaram cada vez mais apavorados conforme os materiais de divulgação de The Spirit – O Filme (The Spirit) iam sendo apresentados. O consenso geral era de que Frank Miller gostou tanto do resultado obtido por ele e Robert Rodriguez (Planeta Terror) em Sin City (2005), que acabou aproveitando demais o visual da cidade do pecado para seu primeiro vôo solo, desrespeitando a obra original.
Esse fato infelizmente não pode ser desmentido, mas, se é possível ver alguma luz nesse mar de medo e ódio, vale dizer que o visual escolhido para a nova aventura não é tão forte quanto em Sin City. Em exemplo para tentar consolar os nerds: a pele dos personagens tem realmente cor de pele!
Outro elemento repetido no trabalho de Frank Miller é a presença marcante de belas mulheres. Os dotes físicos das musas é comprovadamente um dos focos do diretor/quadrinista. Prova disso é a confissão de Miller, que chegou a falar “Corta!” ao invés de “Ação!” durante as gravações por estar distraído demais pelos trajes que cobriam o curvilíneo corpo de Paz Vega (Espanglês).
Nomes de personalidades do mundo das HQs são utilizados em alusões, numa aparente tentativa de fazer as pazes com os nerds. Autores e executivos de quadrinhos, que só são reconhecidos por quem já está mais íntimo com os gibis e sua historiografia, batizam lugares e personagens secundários.
Só é possível perceber um trabalho conjunto de Will Eisner e Frank Miller quando consideramos o clima geral do filme. O humor característico de um dos pioneiros dos quadrinhos alia-se à violência do autor que fez Demolidor brincar de roleta russa para formar o aspecto mais positivo de Spirit – O Filme.
CRÍTICA TERRA CINEMA
Você vai ler muitos artigos acabando com a reputação e as intenções do filme The Spirit. E se você é daqueles (ou daquelas) que se fiam pela "crítica" para escolher seu programa de sábado à noite, fico triste em saber que, por causa de umas poucas palavras - muita delas rancorosas ou ditas ao léu sem o conhecimento de causa -, você vai deixar de se divertir numa tarde de domingo. É pena. Mas se você não liga para o que a "crítica" determina e é, no fundo, um rebelde com ou sem causa, continue a ler este texto.
Quem sou eu para desdizer renomados e cultuados "críticos", mas, pelo menos, eu falo com conhecimento de causa. Eu lia exemplares da HQ The Spirit, criação do nova-iorquino Will Eisner (1917-2005), quando era uma adolescente sonhadora, crente da humanidade e morava numa, outrora, cidade bucólica e pacata do interior paulista. E achava as histórias, às vezes carregadas propositadamente de clichês e exageradas no tom, o máximo. Noir e glamourosas, sobre um herói morto vivo, charmoso, estiloso e lindo! - só mesmo o genial Eisner para criar algo assim com um zumbi. Um mocinho que era a todo momento tentado pela volúpia e as curvas bem traçadas de belas donas - acho que muito garoto moldou seu tom sexual a partir dessas histórias (tomara!), que parecem versões light de um Zéfiro menos safado.
E posso garantir que a atmosfera brincalhona, lúdica, non sense e sensual da HQ está na telona. O canastrão detetive Denny Colt (vivido pelo sarado e também canastrão Gabriel Macht - ou seja, adequadíssimo), que é ressuscitado por seu maior desafeto, o bandidão Octopus (Samuel Lee Jakcson) - que fez isso para se divertir socando a pancada nele -, foi arrancado, com seu sorriso torto e maroto, dos "frames" estáticos dos quadrinhos e estampado na dinâmica e fantasiosa telona. As curvilíneas musas do herói - aqui revividas por Eva Mendes, Scarlett Johansson, Paz Vega e Sarah Paulson -, com suas caras, bocas, rebolados e frases sussurradas também estão lá. Até porque seu diretor, o também genial arquiteto contemporâneo do mundo HQ Frank Miller - autor de Batman - O Cavaleiro das Trevas, Sin City e 300, entre outros -, jamais retalharia uma obra de tão amado mestre do universo que ele próprio é um dos representantes. Seria desrespeitoso, incoerente e hipócrita.
Se tudo está lá e encaramos o cinema como uma forma de entretenimento - às vezes puro, outras tosco e algumas (ai, vá lá) reflexivo - não há razões para não se gostar de The Spirit. Se minha opinião vale para alguma coisa: eu amei!.
Fonte: Cinepop (crítica 1) e Terra Cinema (crítica 2)
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