Sinceramente, me desculpe àqueles que torcem pelos outros filmes indicados a categoria principal do Oscar, mas tenho que dizer, 'O Curioso Caso de Benjamin Button' é o mais preparado para levar a estatueta de melhor filme do ano. Sei que os outros filmes são tão bons quanto ele temos o filme de baixo orçamento e sucesso estrondoso 'Quem quer Ser um Milionário', de Danny Boyle. O do genial Gus Van Sant, 'Milk - A Voz da Igualdade', os que, de certa forma, caíram de pára-quedas nessa categoria, mas que, ainda sim, são muito bons. Me refiro ao 'Frost/Nixon' de Ron Howard e 'O Leitor' de Stephen Daldry.
O que é mais interessante no filme é que ele consegue ser curioso em todos os sentidos e em cada segundo da história. Primeiramente onde você já ouviu algo como um bebê que nasceu velho e, com o passar dos anos, se torna jovem? Claro que estamos falando de ficção, mas mesmo assim é ficção muito além do que podemos conceber. O criador dessa história, que foi habilidosamente adaptada por Eric Roth e Robin Swicord, é F. Scott Fitzgerald que escreveu-a nos anos de 1920.
David Fincher, o diretor, vem chamando atenção desde 'Seven - Os Sete Crimes Capitais' (1995), onde inicia sua parceria com Brad Pitt em um thriller instigante e sádico sobre um serial killer que faz vítimas seguindo os crimes capitais. Logo depois lança o ótimo, mas que não ganhou atenção merecida, 'Vidas em Jogo' (1997). Enfim chega sua obra prima, sua história de violência e anarquismo, 'Clube da Luta' foi sucesso imedito e deu o papel (eleito melhor personagem do cinema pela revista inglesa Empire) do alterego do personagem de Edward Norton, Tyler Durden, a Brad Pitt.
Porém, a direção de David Fincher só passou a ser reconhecida com 'Zodíaco' (2007), pelo qual foi indicado a Palma de Ouro em Cannes. Vindo do departamento de efeitos especiais, antes de se tornar diretor, Fincher faz com que seus filmes tenham, além de conteúdo, boa aparência. 'O Curioso Caso de Benjamin Button' é a maior prova dessa habilidade de misturar efeitos especiais em histórias tocantes, sem deixá-las grotescas ou exageradas.
Benjamin Button sofre desde sua "infância". Primeiro sua mãe morre ao lhe dar a luz. Seu pai, tenta matá-lo, mas prefere deixar na porta de uma casa de idosos, onde ele é acolhido por Queenie (otimamente interpretada por Taraji P. Henson) que, até aquele momento, não podia ter filhos. A partir daí Benjamin vive como observador, vê a vida passar esperando a morte chegar a qualquer momento, mas, para sua surpresa, ela chegou para muitos ao seu redor, só não para ele que a cada ano ficava mais jovem, inexplicadamente. Brad Pitt (em seu melhor papel) esquece a pinta de galã pra deixar o personagem aflorar, simples e convincente. Cate Blanchett, como sempre, dá um show de interpretação e maturidade, já é, na minha opinião, uma das melhores atrizes do cinema (talvez a próxima Meryl Streep?).
E a técnica utilizada no filme? Ah, essa não tem comparação. A maquiagem deixa velho atores novos, deixa novos atores mais velhos e por aí vai. Fotografia, figurino e trilha sonora, impecáveis.
O roteiro, em alguns momentos, parece um pouco parado. Mas isso é comum ao adaptar uma obra literária. O essencial foi passado, a história de Benjamin Button serve como uma fábula do tempo. É disso que o filme trata: do tempo. O tempo de amar, tempo de lembrar do passado, tempo de quem vê a vida passar, tempo de mudar de vida a tempo.
A questão é que o filme é um show de artisticidade e de emoção. Quem não gosta de cinema arte, que pena, nem vá assistir 'O Curioso Caso de Benjamin Button'.
Afirmo que o filme de David Fincher é sim tudo o que falam e um pouco mais. Se consagra agora com 13 indicações ao Oscar e, com certeza, se tornará um clássico de um tempo não muito distante.
Nota: 9,5