É pra rir ou pra chorar?
Por Maurício Lídio
Muitos colegas meus que viram 'Arraste-me para o Inferno' disseram que era ruim. "Fui ver pensando que era filme de terror e dei várias risadas". Sim, o que eles não entenderam é que o novo filme de Sam Raimi, nada mais é que um filme trash.
Há várias definições para o que seria um filme trash, para alguns é filme que não presta, mal feito etc, o que é errado. Voltando às suas origens, Sam Raimi, volta a esse estilo que o consagrou. Ainda jovem mostrou criatividade e tornou seus filmes clássicos do horror. 'Evil Dead - A Morte do Demônio' embrulhou o estômago de muita gente em 1982, época em que o filme foi lançado. Muito sangue na tela e uma história que, se chamada de louca, ainda é apelido. Depois vieram as continuações, também boas, 'Uma Noite Alucinante' (1987) e 'Uma Noite Alucinante 3' (1992).
Daí pra frente Sam Raimi decolou e após trabalhar muito com pouco orçamento em seus filmes, com a franquia de sucesso 'Homem-Aranha', Sam se tornou o diretor que teve a maior quantia em um filme seu, 'Homem-Aranha 3', filme mais caro da história (recorde que era de 'Titanic') custou 350 milhões de dólares. O filme não foi tão bem assim, mas se pagou.
Voltando ao novo filme de Raimi.
Sinopse: Christine Brown (Alison Lohman) é uma jovem e ambiciosa corretora de empréstimos em Los Angeles. Na companhia do namorado, o charmoso professor Clay Dalton (Justin Long), Christine parece levar uma vida tranquila. Isso até o dia em que ela recebe a visita da misteriosa senhora Ganush (Lorna Raver), que chega ao banco onde Christine trabalha para pedir um acréscimo no empréstimo e poder pagar sua casa. Ao negar o pedido, que tinha como objetivo apenas impressionar o chefe, o senhor Jacks (David Paymer), Christine acaba desgraçando a vida da senhora Ganush. A idosa é desapropriada, mas a partir disso irá colocar a vida da jovem Christine diante de uma maldição sobrenatural e desesperadora.
'Arraste-me para o Inferno' é trash do início ao fim, desde a fonte usada no nome do filme que aparece no início e no final ('Drag me to Hell'). Claro que houveram cenas que era para rir mesmo, propositalmente, mas isso não o configura como um terror malsucedido. Não houve muito sangue na tela, mas em compensação tivemos um banho de gosma e secreções em lugares que você nem imagina. Se para ser filme trash tem que ter baixo orçamento, então digo que 'Arraste-me para o Inferno' é, pois custou 30 milhões de dólares, o que não é nada para os padrões Hollywoodianos. A estética do filme é muito criativa. A direção de Sam é ideal, afinal ele sabe bem como fazer um filme trash. Sua câmera acompanhava e mostrava sensações tão estranhas quanto as contidas no roteiro. A história é bem básica, mas nos leva a um show de horrores e nos deixa com medo de nos aproximarmos até de velhinhas. Isso graças a Lorna Raver, que encarna um verdadeiro demônio da terceira idade na pele da Senhora Ganush. Alison Lohman está muito boa também, numa atuação que lembra Linda blair em 'O Exorcista'. Justin Long está adequado, nada demais. A presença da indicada ao Oscar por 'Babel', Adriana Barraza como Shaun San Dena também aumenta o nível das atuações.
Destaque para a cena em que Christine (Alison Lohman) e a velhinha Ganush (Lorna Raver) trocam tapas e beijos dentro do carro (rola até grampeador na cara!).
Muitos sairam rindo ao final da sessão, pensando coisas do tipo "Dei meu dinheiro pra ver essa merda?", e outros não gostaram do final. Bom, eu indico o filme para quem goste de ver ou ao menos saiba o que é um filme trash, esteja esperando um filme de terror com sustos de pular da cadeira e que não tenha um estômago sensível... a não ser que você leve o saco de vômito. Se não levar, pena de quem estiver sentado em sua frente.
Nota: 8,5